Canetas injetáveis nacionais para emagrecimento começam a ser vendidas em farmácias

Por: Redação | Foto: EMS/Divulgação
As primeiras canetas injetáveis para o tratamento da obesidade e do diabetes tipo 2 produzidas integralmente no Brasil começam a ser vendidas nesta segunda-feira (4). Desenvolvidos pela farmacêutica EMS, os medicamentos Olire (voltado à perda de peso) e Lirux (indicado para controle glicêmico em diabéticos) utilizam a substância liraglutida, já conhecida do público por meio dos remédios importados Saxenda e Victoza.
A liberação para fabricação nacional veio após o vencimento das patentes da dinamarquesa Novo Nordisk, o que permitiu à EMS iniciar a produção em sua nova fábrica em Hortolândia (SP). A planta é a primeira do país especializada na produção de peptídeos, moléculas que imitam hormônios naturais do corpo humano, como o GLP-1, ao qual a liraglutida pertence.
Como funcionam as novas canetas
A liraglutida age imitando o hormônio GLP-1, que aumenta a saciedade, retarda o esvaziamento do estômago e estimula a liberação de insulina. Isso contribui para a redução do apetite, controle do peso e da glicemia. Estudos indicam que o uso contínuo pode levar à perda de 4 kg a 6 kg, com parte dos pacientes alcançando até 10% de redução do peso corporal.
As novas canetas terão uso diário:
- Olire, com dose de 3 mg ao dia, é indicado para controle de obesidade.
- Lirux, com 1,8 mg por dia, é voltado ao tratamento do diabetes tipo 2.
Desde junho, a venda de medicamentos à base de análogos do GLP-1 exige receita médica, que fica retida na farmácia. O acompanhamento médico é essencial para ajustar as doses, acompanhar possíveis efeitos adversos e garantir o uso seguro.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) reforça que a liraglutida só deve ser usada por adultos com obesidade (IMC ≥ 30) ou sobrepeso (IMC ≥ 27) com alguma comorbidade, como diabetes tipo 2, hipertensão ou apneia do sono. Além disso, é necessário combinar o uso à prática de atividade física e dieta com restrição calórica.
As canetas Olire e Lirux estarão disponíveis inicialmente nas farmácias das redes Raia, Drogasil, Drogaria São Paulo e Pacheco, nas regiões Sul e Sudeste. A expansão para outras áreas será feita de forma gradual nas próximas semanas.
Preços sugeridos:
- Olire (1 unidade): R$ 307,26
- Olire (kit com 3 unidades): R$ 760,61
- Lirux (2 unidades): R$ 507,07
Pacientes cadastrados no programa Vida + Leve, da EMS, terão 10% de desconto. A previsão da empresa é colocar 250 mil canetas no mercado até o fim de 2025 e chegar a 500 mil unidades até agosto de 2026.
Produção 100% nacional e novos planos
A fábrica da EMS foi inaugurada em 2023 com investimento superior a R$ 1 bilhão. A planta tem capacidade inicial para fabricar até 20 milhões de canetas por ano, podendo dobrar esse número conforme a demanda.
A farmacêutica também já trabalha no desenvolvimento de uma versão nacional da semaglutida, princípio ativo presente no Ozempic e no Wegovy, cujas patentes estão próximas do vencimento no Brasil. A previsão de lançamento é para 2026.
Diferenças entre liraglutida e semaglutida
Embora tenham mecanismos semelhantes, a semaglutida (de aplicação semanal) oferece maior praticidade e costuma apresentar maior perda de peso, entre 15% e 17% do peso corporal. Já a liraglutida exige aplicação diária e pode gerar redução média de até 10%.
Apesar das diferenças, ambas as substâncias devem ser utilizadas com orientação médica. O uso sem supervisão pode trazer riscos à saúde e não substitui hábitos saudáveis, como alimentação equilibrada e prática de exercícios.