Carro lidera nas viagens pessoais enquanto avião supera ônibus e assume segunda posição na preferência dos brasileiro, aponta IBGE

Levantamento do IBGE mostra alta de 11,7% nos gastos e aponta avião como segundo meio de transporte mais usado em viagens pessoais, atrás apenas do carro.
Por: Redação | Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
O turismo no Brasil mostrou mudanças importantes em 2024: os brasileiros gastaram mais em viagens nacionais e também mudaram a forma de se deslocar. Pela primeira vez, o avião superou o ônibus como o segundo meio de transporte mais utilizado em viagens pessoais, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua – Turismo, divulgada pelo IBGE nesta quinta-feira (2).
Avião ultrapassa ônibus nas viagens pessoais
De acordo com o levantamento, 12,3% das viagens de lazer foram feitas de avião, contra 12% realizadas de ônibus. O carro continua como o principal meio de transporte, escolhido em mais da metade dos deslocamentos (52,3%).
Para o analista do IBGE William Kratochwill, a mudança reflete fatores práticos:
“Em um país de dimensões continentais como o Brasil, o avião encurta longas distâncias que seriam muito demoradas de ônibus ou carro. Além disso, há a questão da segurança”, explica.
Nas viagens profissionais, o avião também se mantém forte: em três dos quatro anos analisados (2020, 2023 e 2024), foi o segundo meio mais utilizado, atrás apenas do carro. A única exceção foi 2021, quando o impacto da pandemia fez o ônibus superar o transporte aéreo.
Gasto maior com turismo
Mesmo sem aumento no número total de viagens, os brasileiros gastaram mais em 2024. O total desembolsado em viagens nacionais com pernoite chegou a R$ 22,8 bilhões, alta de 11,7% em relação a 2023.
O custo médio por viagem ficou em R$ 1.843, acima dos R$ 1.706 do ano anterior. Já o gasto diário subiu para R$ 268 por pessoa. Para Kratochwill, isso mostra que “as viagens ficaram mais caras ou foram mais longas, o que elevou o gasto médio”.
Onde se gasta mais
O Nordeste lidera em valor médio por viagem, com R$ 2.523, seguido pelo Sul (R$ 1.943). Já o Norte ficou abaixo da média nacional (R$ 1.263), com destaque para Rondônia (R$ 930) e Acre (R$ 1.019) entre os menores gastos.
Entre os estados que mais pesaram no bolso, todos estão no Nordeste:
- Alagoas: R$ 3.790
- Ceará: R$ 3.006
- Bahia: R$ 2.711
Por origem da viagem, o Distrito Federal se destacou, com média de R$ 3.090 por viagem, seguido por São Paulo (R$ 2.313).
Renda define escolha e destino
A pesquisa reforça que renda é decisiva tanto para viajar quanto para escolher o transporte e a hospedagem. Entre famílias com renda per capita menor que dois salários mínimos, o ônibus ainda é o segundo meio mais usado, e muitos optam por ficar em casa de parentes ou amigos.
Já entre famílias com renda de quatro salários mínimos ou mais, 36,2% das viagens foram de avião, e os hotéis aparecem como principal opção de hospedagem (37%).
No outro extremo, domicílios de renda mais baixa relataram em maioria que não viajaram por falta de dinheiro. Entre os que ganham menos de meio salário mínimo por pessoa, 55% citaram esse motivo. Já entre famílias mais ricas, a principal justificativa para não viajar foi falta de tempo.
Motivos das viagens
O IBGE também levantou os motivos que levam os brasileiros a viajar. Em 2024 foram registradas 20,6 milhões de viagens, sendo 17,6 milhões pessoais e 3 milhões profissionais.
Entre as viagens pessoais, os principais objetivos foram:
- lazer (39,8%)
- visita a familiares e amigos (32,2%)
- tratamento de saúde (20,1%)
Nas viagens de lazer, o destaque continua sendo sol e praia (44,6%), seguidos por gastronomia (24,4%) e ecoturismo/aventura (21,7%).
Panorama geral
No total, apenas 19,3% dos domicílios brasileiros tiveram ao menos um morador viajando no ano, proporção que cai para 10,4% entre os mais pobres e sobe para 45,7% nas famílias de maior renda.
O dado mostra como o turismo nacional está crescendo, mas ainda é muito desigual: enquanto para alguns o avião já se tornou a segunda opção de viagem, para milhões de brasileiros a falta de recursos ainda é a principal barreira para sair de casa.