La Niña retorna e pode afetar clima e agricultura no Brasil entre dezembro e fevereiro

Por: Redação | Foto: Reprodução/INMET


O fenômeno climático La Niña, caracterizado pelo esfriamento das águas do Oceano Pacífico, voltou a se formar e deve permanecer ativo entre dezembro de 2025 e fevereiro de 2026, segundo o Centro de Previsão Climática dos Estados Unidos. Embora a previsão indique um La Niña fraco, seus efeitos já exigem atenção, principalmente na agricultura e no planejamento climático.

Durante o La Niña, a temperatura da superfície do Pacífico equatorial fica abaixo da média, o que altera padrões de chuva e temperatura em diversas regiões do planeta. No Brasil, o fenômeno tende a reduzir as chuvas na Região Sul, afetando estados como Rio Grande do Sul e Santa Catarina, enquanto pode aumentar a precipitação no Norte e Nordeste. No Sudeste e Centro-Oeste, há risco de temperaturas abaixo da média histórica, especialmente nos meses de verão.

Segundo especialistas, um La Niña fraco, como o previsto, tem menor probabilidade de causar impactos extremos, mas ainda assim exige monitoramento constante. O índice Niño-3.4, usado para medir a intensidade do fenômeno, está entre -0,5°C e -0,9°C, indicando um resfriamento moderado das águas.

O retorno do La Niña traz preocupações para a agricultura, especialmente na produção de grãos no Sul do Brasil e na Argentina. Entre dezembro e início de fevereiro, há risco de estiagem, o que pode comprometer culturas como soja, milho e trigo. “Os agricultores precisam se preparar para minimizar os efeitos da redução das chuvas”, alerta Gilvan Sampaio, meteorologista do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Além disso, culturas frutíferas no Sudeste e Sul, como a citricultura em São Paulo, podem ser afetadas caso a estiagem coincida com períodos de aumento de temperatura. Já na pecuária bovina, o fenômeno pode ter efeito positivo: chuvas acima do normal em outubro e novembro em regiões como Mato Grosso do Sul e Tocantins favorecem o crescimento das pastagens, beneficiando a alimentação do gado e estimulando a retenção de fêmeas para reprodução, segundo João Figueiredo, analista da Datagro Pecuária.

Entre 2020 e 2023, o Brasil já enfrentou três La Niñas consecutivas, especialmente no Rio Grande do Sul, com perdas sucessivas para produtores de grãos. A previsão atual indica que o La Niña deve permanecer fraco, com chance de transição para condições neutras entre janeiro e março de 2026.

Especialistas alertam que, quanto mais distante o horizonte de previsão, maior a incerteza, e reforçam a importância de acompanhar atualizações mensais publicadas pelo Boletim Agroclimatológico do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), órgão ligado ao Ministério da Agricultura e Pecuária, é responsável pelo monitoramento climático.

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