Estudo revela que infraestrutura precária limita o desenvolvimento industrial no Norte

Por: Redação | Foto: Reprodução/Fecomércio-AM


A Região Norte enfrenta um cenário crítico de infraestrutura que compromete sua competitividade industrial e limita o potencial de desenvolvimento sustentável. Segundo levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgado durante o evento Pré-COP30 em Brasília, 74% dos empresários industriais da região classificam a infraestrutura local como regular, ruim ou péssima – índice bem acima da média nacional, que é de 45%.

O estudo, intitulado Panorama da Infraestrutura – Região Norte, traça um diagnóstico abrangente sobre os principais gargalos logísticos e estruturais nos sete estados da região. A análise inclui transportes, energia, saneamento e telecomunicações, além de apresentar propostas para destravar investimentos e melhorar a articulação entre os polos produtivos.

Entre os principais entraves estão rodovias em condições insatisfatórias, ausência de ferrovias e hidrovias com grande potencial, mas sem investimentos em dragagem, sinalização e interligações modais. A CNI destaca como obras prioritárias a ampliação da Hidrovia Araguaia-Tocantins, o derrocamento do Pedral do Lourenço, a pavimentação da BR-319 (entre Porto Velho e Manaus), a conclusão da ponte sobre o Rio Xingu e a implantação da Ferrogrão (EF-170).

A exploração de petróleo e gás na Margem Equatorial, nas bacias da Foz do Amazonas e do Pará-Maranhão, também aparece como aposta estratégica para integrar o interior da região aos mercados nacionais e internacionais, gerar emprego e garantir segurança energética.

O Norte apresenta os piores índices de saneamento básico do país. Apenas 61% da população tem acesso à rede de abastecimento de água e apenas 23% conta com rede de esgoto. Em Roraima, estado com melhor desempenho, o acesso à rede de esgotamento sanitário chega a 66%. As perdas na distribuição de água atingem 50%, superando a média nacional de 40%.

Esse déficit compromete a instalação de novos empreendimentos e afeta diretamente a qualidade de vida da população. Tocantins e Rondônia são os únicos estados da região com perdas abaixo da média nacional.

A recente conexão de Roraima ao Sistema Interligado Nacional (SIN) foi apontada como avanço importante para reduzir o isolamento energético da região. Em 2024, o governo federal autorizou R$ 13,7 bilhões em investimentos em infraestrutura, dos quais R$ 3,6 bilhões foram destinados ao Norte. No entanto, levantamento do Tribunal de Contas da União revela que 58% das obras públicas com recursos federais na região estão paralisadas, o que representa um total de 2.207 contratos, principalmente nas áreas de saneamento e transportes.

O Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), anunciado em 2023, prevê R$ 294 bilhões em obras e serviços para o Norte, dentro de um pacote nacional de R$ 1,7 trilhão.

A frota de veículos na região ultrapassa os 7 milhões, com predominância de motocicletas (38,5%) e automóveis (30,6%). Os aeroportos de Belém e Manaus lideram em movimentação de passageiros, seguidos por Palmas, Macapá e Santarém.

O lançamento do estudo ocorreu durante os preparativos para a COP30, que será realizada em Belém a partir de 10 de novembro. O evento internacional sobre mudanças climáticas terá a Amazônia como protagonista, e a CNI reforçou a importância de uma infraestrutura alinhada à agenda ambiental.

Durante o Pré-COP30, representantes da indústria apresentaram propostas para a conferência, incluindo cases de descarbonização e estratégias para fortalecer a infraestrutura da Amazônia Legal. A defesa de uma “infraestrutura verde” foi apontada como essencial para viabilizar o desenvolvimento sustentável na região.

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