Brasil lidera índices globais de ansiedade e registra aumento entre jovens

Por: Redação | Foto: Reprodução/Ministério da Saúde
O Brasil ocupa o primeiro lugar no ranking global de transtornos de ansiedade, com mais de 18,6 milhões de pessoas afetadas — o equivalente a cerca de 9,3% da população. A informação é da Organização Mundial da Saúde (OMS), que classifica os transtornos de ansiedade como os mais prevalentes entre todas as condições de saúde mental.
A ansiedade patológica se diferencia da ansiedade comum por sua intensidade e persistência. Os sintomas incluem preocupação excessiva, sensação de perigo iminente, dificuldade de concentração, insônia, irritabilidade, tensão muscular e alterações no sistema digestivo. Quando não tratada, a condição pode interferir significativamente na vida pessoal, escolar, profissional e social do indivíduo.
Dados do Ministério da Saúde indicam que adolescentes e jovens adultos são os mais afetados. Entre 2013 e 2023, as internações por ansiedade e estresse na faixa etária de 13 a 29 anos aumentaram 136%. Especialistas apontam que fatores como isolamento social, insegurança pública, instabilidade econômica, uso excessivo de redes sociais e hábitos alimentares inadequados contribuem para o agravamento dos quadros.
Além disso, o Brasil aparece em quarto lugar no relatório global World Mental Health Day 2024 em relação ao nível de estresse. Apenas 26% dos brasileiros entrevistados afirmaram não ter sofrido picos de estresse que comprometessem seu dia ao longo de um ano.
Os transtornos de ansiedade incluem diferentes manifestações clínicas, como:
- Transtorno de ansiedade generalizada (TAG)
- Transtorno do pânico
- Fobia social
- Agorafobia
- Ansiedade de separação
- Fobias específicas
- Mutismo seletivo
Esses transtornos podem coexistir e geralmente se iniciam na infância ou adolescência. Mulheres são mais propensas a desenvolver a condição do que homens.
Apesar da existência de tratamentos eficazes — como terapia cognitivo-comportamental e medicamentos antidepressivos — apenas 27,6% das pessoas com transtornos de ansiedade recebem algum tipo de cuidado. As principais barreiras incluem falta de informação, estigma social, escassez de profissionais especializados e baixa oferta de serviços públicos de saúde mental.
A OMS recomenda a ampliação de programas comunitários, capacitação de profissionais não especialistas e uso de intervenções breves baseadas em evidências, como os manuais Problem Management Plus (PM+) e Self-Help Plus (SH+), além de recursos digitais e materiais de autoajuda.
Medidas preventivas incluem educação emocional nas escolas, programas de apoio familiar, prática regular de exercícios físicos, alimentação saudável, técnicas de relaxamento e meditação. O autocuidado é considerado um componente importante no controle dos sintomas e na promoção do bem-estar. Com um em cada dez brasileiros afetados, o cuidado com a mente é, mais do que nunca, uma urgência coletiva.