Brasil reduz desmatamento na Amazônia e no Cerrado e alcança melhores índices desde 2008

Ações integradas de fiscalização, uso de tecnologia e fortalecimento da governança ambiental impulsionam queda histórica nos dois biomas

Por: Redação | Foto: Antônio Laccovazo


O desmatamento na Amazônia caiu 11% entre agosto de 2024 e julho de 2025, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Foram 5.796 quilômetros quadrados de floresta derrubados, a terceira menor taxa desde que o monitoramento começou em 1988. No Cerrado, a redução foi parecida, com queda de 11,5% e 7.235 quilômetros quadrados desmatados no mesmo período. É o segundo ano seguido de redução depois de cinco anos de aumento.

Os dados mostram que as ações de combate ao desmatamento estão funcionando. Desde 2023, o governo retomou a política ambiental e o monitoramento nas regiões mais críticas. Somando os últimos três anos, a queda acumulada chega a 50% na Amazônia, o que evitou a emissão de mais de 700 milhões de toneladas de gases de efeito estufa — o mesmo que a França e a Espanha emitiram juntas em 2022.

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) foi um dos principais responsáveis pelos avanços. Entre 2023 e 2025, o órgão realizou centenas de operações em unidades de conservação, com apoio de drones, aeronaves e novas equipes de fiscalização. Só no último ano, foram aplicados quase 400 milhões de reais em multas na Amazônia e mais de 1.500 embargos no Cerrado.

O presidente do ICMBio, Mauro Pires, diz que a presença constante em campo e o uso de tecnologia ajudaram a tornar as operações mais eficientes. Ele também destacou a importância da integração com outros órgãos e a entrada de novos fiscais.

O Ibama também reforçou a fiscalização. O número de autos de infração aumentou 81% e o valor das multas subiu 63%. A área embargada cresceu quase 50% em relação ao ano anterior.

Para a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, os resultados mostram que o combate ao desmatamento voltou a ser uma prioridade nacional. Segundo ela, preservar as florestas é essencial não apenas para o clima, mas também para a economia. “Proteger a floresta precisa ser mais vantajoso do que destruí-la”, afirmou.

Além da fiscalização, o governo investe em programas e parcerias para fortalecer a conservação. O Fundo Amazônia, reativado em 2023, já destinou mais de 3,6 bilhões de reais para projetos ambientais. Outro exemplo é o programa União com Municípios, que reúne 81 cidades prioritárias na Amazônia e registrou redução de 65% no desmatamento nessas áreas.

Entre os estados da Amazônia Legal, Tocantins, Amapá e Acre tiveram as maiores quedas. Mato Grosso foi o único que apresentou aumento. No Cerrado, quase 80% do desmatamento continua concentrado na região conhecida como Matopiba, que inclui Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.

A ministra da Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, destacou o papel do Inpe na produção de dados que orientam as ações do governo. O sistema Prodes usa imagens de satélite para calcular a taxa anual de desmatamento, enquanto o Deter emite alertas diários que ajudam na fiscalização.

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