Conferência do Clima da ONU tem início em Belém e reúne líderes de quase 200 países
Por: Redação | Foto: Antônio Scorza/COP 30
Teve início nesta segunda-feira (10), em Belém (PA), a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, a COP30. A cerimônia de abertura contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que recebeu chefes de Estado, representantes de quase 200 países e lideranças internacionais. Em seu discurso, Lula destacou que o Brasil quer liderar uma agenda global baseada na justiça climática e na preservação da Amazônia, alertando que “não há mais tempo para promessas, apenas para ação”.
É a primeira vez que a conferência é realizada em plena Amazônia e o maior evento ambiental do mundo volta ao Brasil mais de 30 anos após a Eco-92, no Rio de Janeiro. Durante duas semanas, líderes mundiais, cientistas, ativistas e representantes da sociedade civil vão discutir soluções para conter o aquecimento global e os reflexos crescentes das mudanças climáticas.
A COP deve reunir cerca de 50 mil participantes de todos os continentes. A expectativa é que Belém marque um ponto de virada nas negociações climáticas, com a atualização das metas do Acordo de Paris e compromissos mais ambiciosos de redução de emissões.
O Brasil chega ao encontro com o compromisso de cortar em 53% suas emissões de gases de efeito estufa até 2030 e alcançar a neutralidade climática até 2050. De acordo com o Observatório do Clima, o país registrou em 2024 uma redução de 16,7% nas emissões brutas, segunda maior queda desde 1990.
Entre os principais temas da COP30 estão a transição energética, o financiamento climático e a proteção das florestas tropicais. O debate sobre “justiça climática” também ganha destaque, ao buscar equilibrar responsabilidades entre países ricos e pobres, reconhecendo que as nações mais vulneráveis são, muitas vezes, as que menos contribuíram para o problema.
Outro tema central é o financiamento climático. Na COP29, em Baku, ficou definido que os países desenvolvidos deverão triplicar o valor destinado às nações em desenvolvimento, passando de US$ 100 bilhões anuais para US$ 300 bilhões até 2035. A meta é chegar a US$ 1,3 trilhão por ano em recursos públicos e privados para ações de mitigação e adaptação.
A conferência discute ainda o chamado Objetivo Global de Adaptação, um mecanismo que mede o quanto cada país está preparado para lidar com os impactos do aquecimento global. O desafio é garantir recursos suficientes para que as nações mais vulneráveis possam se adaptar sem ampliar o endividamento.
À frente da organização está o embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30, que tem a missão de costurar um consenso entre países com interesses muitas vezes opostos. A diretora executiva da conferência, Ana Toni, coordena a estrutura e as agendas diárias, que envolvem reuniões técnicas, encontros ministeriais e decisões políticas.
Os resultados esperados vão além de discursos. A COP30 deve definir metas mais ambiciosas de redução de emissões até 2035 e detalhar o plano global de transição energética. Também é esperada uma resposta concreta sobre o financiamento climático, considerado essencial para que as metas se tornem realidade.
Mais do que um evento diplomático, a COP30 coloca o planeta diante de um ponto de virada. O sucesso das negociações em Belém pode definir se o mundo ainda tem chance de limitar o aquecimento global a 1,5 °C, limite considerado seguro pelos cientistas. O fracasso, por outro lado, pode significar o avanço de uma crise climática sem precedentes, que já dá sinais visíveis em todas as regiões do planeta.

