Diagnósticos de câncer devem subir 77% até 2050, alerta OMS

Por: Redação | Foto: Banco Mundial/Athit Perawongmetha


A Organização Mundial da Saúde projeta um avanço expressivo nos casos de câncer nas próximas décadas. A estimativa é que o total de diagnósticos no mundo cresça 77% até 2050, passando de 20 milhões em 2022 para 35,3 milhões. O aumento deve atingir principalmente países de baixa e média renda, que ainda enfrentam dificuldades para ampliar a prevenção, o diagnóstico precoce e o acesso ao tratamento.

Os dados foram apresentados pela diretora da Agência Internacional para Pesquisa do Câncer, Elisabete Weiderpass, durante seminário promovido pela Fiocruz no Rio de Janeiro. Segundo ela, o câncer já provoca cerca de 10 milhões de mortes por ano, com destaque para o câncer de pulmão, que lidera em número de novos casos e óbitos. As disparidades regionais seguem marcantes: a Ásia concentra metade das ocorrências globais e mais da metade das mortes, apesar de reunir 60% da população mundial.

O impacto econômico também chama atenção. A perda de produtividade associada a mortes prematuras por câncer chega a 566 bilhões de dólares, o equivalente a 0,6% do PIB global, afetando de forma mais intensa países das Áfricas Oriental e Central.

O Brasil acompanha a tendência de alta. O Inca projeta 700 mil novos casos anuais até 2025, e a OMS estima que esse número pode chegar a 1,15 milhão em 2050, crescimento de 83% em relação a 2022. As mortes devem quase dobrar no período. Para especialistas, o país precisa acelerar ações de prevenção, atualizar estratégias de rastreamento e ampliar a capacidade de atendimento para evitar sobrecarga no sistema de saúde.

Durante o evento, representantes do governo defenderam a necessidade de ampliar o acesso a tecnologias modernas de diagnóstico e tratamento e de combater fatores de risco como tabagismo e consumo de ultraprocessados. A Fiocruz destacou que o câncer está cada vez mais associado às desigualdades sociais, exigindo políticas públicas capazes de considerar vulnerabilidades específicas da população.

O seminário, coordenado pelos ex-dirigentes do Ministério da Saúde e do Inca, discute caminhos para preparar o país e o mundo para o avanço das doenças crônicas nas próximas décadas e o papel das novas tecnologias nesse cenário.

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