Anvisa autoriza Mounjaro para perda de peso no Brasil

Por: Redação | Foto: Eli Lily/Divulgação


A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o medicamento Mounjaro, da farmacêutica Eli Lilly, para o tratamento de sobrepeso e obesidade no Brasil. O fármaco, que já era autorizado no país desde 2023 apenas para o tratamento do diabetes tipo 2, agora pode ser prescrito para auxiliar na perda de peso. A resolução que oficializa essa nova indicação foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) nesta segunda-feira, 9 de junho.

Com a nova aprovação, o medicamento agora pode ser recomendado para adultos com índice de massa corporal (IMC) acima de 30, caracterizando obesidade, ou a partir de 27, na faixa de sobrepeso, desde que apresentem pelo menos uma comorbidade, como hipertensão ou colesterol elevado. Assim, passa a integrar o conjunto de fármacos voltados para a perda de peso, ao lado de opções como Ozempic, Wegovy e Saxenda.

O Mounjaro é uma medicação injetável, popularmente conhecida como “caneta emagrecedora”, cujo princípio ativo é a tirzepatida. Ele se diferencia de outros medicamentos como Ozempic e Wegovy (com semaglutida) por atuar em um duplo mecanismo hormonal (GLP-1 e GIP), enquanto os anteriores agem apenas no GLP-1. Essa ação combinada proporciona um efeito mais robusto no organismo, com estudos clínicos indicando uma redução média de até 22,5% do peso corporal em pacientes com obesidade.

A decisão da Anvisa foi fundamentada em dados do programa SURMOUNT, que envolveu mais de 20 mil pacientes em estudos clínicos. Nos testes, os participantes que utilizaram a tirzepatida, em conjunto com dieta equilibrada e prática de exercícios, perderam até 22,5% do peso corporal. Além da redução significativa de peso, também foram observadas melhorias em indicadores como pressão arterial, colesterol e circunferência abdominal. Em estudos comparativos, a tirzepatida (Mounjaro) mostrou-se mais eficaz na redução de peso do que a semaglutida (presente no Wegovy).

Especialistas apontam que o Mounjaro representa um avanço na abordagem do excesso de peso, condição que atinge mais da metade da população brasileira. Segundo dados do Ministério da Saúde, os índices de obesidade vêm crescendo de forma preocupante nas últimas décadas.

Mas há o outro lado. Especialistas alertam que o uso do medicamento deve ser feito sob supervisão médica e que, como outros fármacos dessa classe, o Mounjaro pode provocar efeitos colaterais, especialmente gastrointestinais. Entre os mais comuns estão náuseas, diarreia e constipação. O uso não é indicado para gestantes, lactantes ou pessoas com histórico de pancreatite, e deve ser sempre supervisionado por médicos especialistas.

Apesar da eficácia, o custo elevado do Mounjaro ainda é um obstáculo para grande parte da população. O valor mensal do tratamento pode variar de R$ 1.400 a R$ 2.300, dependendo da concentração. Para comparação, medicamentos semelhantes variam entre R$ 600 e R$ 1.000.

A liberação do Mounjaro ocorre em um contexto em que a obesidade é um problema de saúde crescente no Brasil, com mais da metade da população adulta acima do peso e o índice de obesidade quase dobrando nas últimas duas décadas.

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