Ausência de pré-natal amplia risco de anomalias congênitas, revela estudo da Fiocruz

Por: Redação | Foto: Rodrigo Nunes/MS


Mulheres que não realizam o acompanhamento pré-natal têm 47% mais chances de ter filhos com algum tipo de anomalia congênita, segundo estudo divulgado pela Fiocruz Bahia. A pesquisa, publicada no periódico científico BMC Pregnancy and Childbirth, analisou dados de mais de 26 milhões de nascimentos no Brasil entre 2012 e 2020.

Além da ausência de pré-natal, foram apontados como fatores de risco a idade materna avançada, baixa escolaridade e desigualdades raciais e regionais. Mulheres com mais de 40 anos apresentaram até 2,5 vezes mais chances de ter filhos com alterações congênitas. Já mães pretas tiveram 16% mais probabilidade de enfrentar esse tipo de ocorrência em comparação com mulheres brancas.

A análise revelou que o Nordeste concentra maior incidência de defeitos do tubo neural, como microcefalia—condição que teve aumento significativo durante a epidemia do vírus zika entre 2015 e 2016. A subnotificação nos registros ainda é um entrave para compreender o cenário nacional com precisão, sendo o Sudeste a região com os dados mais completos.

Entre os tipos de anomalias analisadas, destacam-se defeitos cardíacos, do tubo neural, fenda oral, genitais, microcefalia e síndrome de Down. As associações mais fortes envolveram idade avançada para casos de Down, e baixa escolaridade ou ausência de pré-natal para anomalias no sistema nervoso.

A pesquisadora Qeren Hapuk, autora do estudo, reforça que boa parte desses casos pode ser evitada com políticas públicas mais eficazes. “Educação, planejamento reprodutivo, nutrição adequada e acesso ao pré-natal são fundamentais para prevenir muitas dessas anomalias”, afirma.

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