Mais de 60% dos contratos do Fies estão inadimplentes e governo abre renegociação para estudantes

Com dívida acumulada de R$ 116 bilhões, programa permite parcelamento em até 180 vezes e elimina juros para facilitar quitação
Por: Redação | Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência
O Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) enfrenta, em 2025, uma inadimplência superior a 61%, o que corresponde a um débito acumulado de aproximadamente R$ 116 bilhões. Em resposta a esse cenário, o Ministério da Educação, por meio do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), regulamentou a renegociação das dívidas, conforme a Resolução nº 64/2025 publicada em julho.
A medida vale para quem tem contrato do Fies assinado a partir de 2018 e está com atraso de pagamento superior a 90 dias até 31 de julho de 2025. Cerca de 135 mil contratos estão nessa situação, somando quase R$ 4 bilhões em dívidas, com destaque para estados como Minas Gerais, São Paulo, Bahia, Ceará e Pernambuco, onde estão concentrados os maiores índices de inadimplência do país, segundo levantamento do FNDE.
O saldo devedor poderá ser dividido em até 180 parcelas mensais, com parcelas mínimas de R$ 200, além da exclusão total dos encargos moratórios, como juros e multas por atraso. Para aderir, o estudante precisa procurar o banco responsável pelo contrato entre 1º de novembro de 2025 e 31 de dezembro de 2026. O acordo só é formalizado depois que a primeira parcela da nova negociação for paga.
Vale lembrar que a renegociação cobre apenas o valor financiado pelo Fies. Despesas como taxas da faculdade, seguros e tarifas bancárias não estão incluídas e devem ser tratadas direto com as instituições de ensino.
Também podem participar da renegociação os contratos cujas dívidas foram assumidas pelo Fundo Garantidor do Fies (FG-Fies), desde que respeitem as regras do fundo.
A resolução prevê que, em caso de novo inadimplemento das condições pactuadas, os nomes dos devedores e fiadores poderão ser incluídos em cadastros restritivos de crédito. Ademais, ficam suspensas até o final de 2026 as solicitações para que o FG-Fies honre débitos em atraso.