Para frear compulsão por bets, SUS terá atendimento especializado em saúde mental

Por: Redação | Foto: Joédson Alves/Agência Brasil


O crescimento das apostas online e a explosão das chamadas bets têm provocado prejuízos financeiros e emocionais para muita gente. Com cada vez mais brasileiros afetados pelo vício em jogos, o governo anunciou novas ações para ajudar quem está perdendo o controle ou já vive uma situação de compulsão.

Uma das principais novidades é a plataforma de autoexclusão, que começa a funcionar no dia 10 de dezembro. Quem quiser dar um basta nas apostas poderá pedir o bloqueio do próprio CPF. Assim, a pessoa fica impedida de abrir novas contas em sites de jogos e para de receber anúncios que estimulam a voltar a apostar.

A preocupação é grande porque um estudo recente calculou que as perdas econômicas e sociais causadas pelas bets chegam a R$ 38,8 bilhões por ano no país. Confira pesquisa na íntegra aqui.

Além da ferramenta de bloqueio, os ministérios da Saúde e da Fazenda também criaram o Observatório Brasil Saúde e Apostas Eletrônicas, que vai reunir e analisar dados sobre quem está desenvolvendo vício. A ideia é identificar padrões de comportamento e ajudar a encaminhar essas pessoas para o SUS, onde podem receber apoio especializado.

As informações sobre como buscar ajuda estarão disponíveis no aplicativo Meu SUS Digital e também na Ouvidoria do SUS. O Ministério da Saúde lançou ainda a Linha de Cuidado para Pessoas com Problemas Relacionados a Jogos de Apostas, que orienta profissionais da rede e organiza o atendimento, tanto presencial quanto online.

Outra novidade importante é que, a partir de fevereiro de 2026, o SUS vai passar a oferecer teleatendimento em saúde mental focado em transtornos ligados a jogos e apostas, em parceria com o Hospital Sírio-Libanês. Serão, primeiro, 450 consultas mensais, com chance de ampliar caso a procura aumente. Quem precisar de atendimento presencial será encaminhado.

Durante o anúncio das medidas, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que as apostas foram liberadas em 2018, mas ficaram sem regras claras por anos. Ele explicou que, com a regulamentação atual, o CPF de crianças e beneficiários do BPC ou Bolsa Família não pode ser usado para criar contas em sites de jogos.

Os dados do SUS mostram que o problema tem crescido. Em 2023, a rede pública registrou 2.262 atendimentos de pessoas com vício em jogos. Em 2024, esse número subiu para 3.490. E só no primeiro semestre de 2025 já foram quase 2 mil casos. Segundo o Ministério da Saúde, o perfil mais comum das pessoas afetadas é de homens entre 18 e 35 anos, majoritariamente negros, vivendo situações de estresse, desemprego, isolamento ou com pouca rede de apoio.

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