Planejamento financeiro ainda é desafio para brasileiros, aponta pesquisa

Por: Redação | Foto: TV Brasil
Apesar de considerarem o assunto essencial para a vida pessoal e profissional, mais da metade dos brasileiros admite ter pouco ou nenhum conhecimento sobre educação financeira. É o que revela a nova edição da pesquisa Observatório Febraban, realizada pelo Instituto IPESPE com três mil pessoas em todas as regiões do país.
O estudo mostra que 55% dos entrevistados admitem ter pouco (40%) ou nenhum (15%) conhecimento sobre finanças pessoais, embora 91% reconheçam a importância do tema na vida profissional e familiar. Ao mesmo tempo, 75% afirmam que o planejamento financeiro tem papel fundamental na realização de sonhos e projetos.
A pesquisa ouviu 3 mil pessoas em todas as regiões do país entre 12 e 26 de junho de 2025, e também avaliou percepções sobre crédito, endividamento, investimentos, golpes bancários e o impacto das apostas online (Bets) no orçamento das famílias.
Para quase metade dos participantes (47%), o conceito de educação financeira se resume ao controle de gastos e organização do orçamento doméstico. Aspectos como investimentos (23%), prevenção de dívidas (14%) e criação de reserva de emergência (12%) aparecem com menos destaque.
Mesmo com esse entendimento restrito, 65% dos brasileiros buscam informações sobre finanças com alguma frequência. A internet lidera como principal fonte, com 40% citando sites e redes sociais. Conversas com amigos e familiares (17%), instituições de ensino (15%) e meios tradicionais de comunicação (12%) também são mencionados.
O uso de crédito é comum: 61% afirmam recorrer a produtos como cartão de crédito ou empréstimos com frequência (34%) ou às vezes (27%). Já os hábitos de poupança ou investimento são igualmente divididos: 30% dizem que conseguem guardar dinheiro com frequência, 31% às vezes e 29% afirmam não ter condições financeiras de fazê-lo, embora gostariam.
A pesquisa aponta que 39% dos brasileiros estão atualmente endividados. Entre eles, 77% relatam que a situação impacta diretamente sua saúde emocional ou qualidade de vida. Enquanto 23% acreditam que estarão ainda mais endividados até o fim do ano, 48% esperam conseguir reduzir suas dívidas e 37% acreditam que poderão quitá-las ainda em 2025.
O crescimento das apostas esportivas — as chamadas “Bets” — também foi abordado. Para 81% dos entrevistados, esse tipo de atividade representa uma ameaça ao orçamento familiar, sendo considerada “muito negativa” por 50% e “negativa” por 31%. Além disso, 37% afirmam já ter sido prejudicados ou conhecer alguém que sofreu perdas com apostas online.
Outro dado alarmante é que 39% dos brasileiros já foram vítimas de golpes ou tentativas de fraude bancária, o maior índice desde o início da série histórica. Os crimes mais comuns incluem clonagem de cartão (45%), golpe do WhatsApp (34%), centrais falsas de atendimento (31%), Pix falso (24%), uso indevido de CPF via SMS (13%) e leilões e lojas falsas online (10%).
Embora 75% dos entrevistados reconheçam a importância dos bancos na promoção da educação financeira, metade acredita que as instituições ainda falham ao orientar clientes na contratação de produtos e serviços. Entre as soluções apontadas, 70% defendem que o tema seja obrigatório nas escolas, 47% sugerem cursos gratuitos e 31% pedem mais políticas públicas contra o superendividamento.