Planos de saúde vão atender pacientes do SUS a partir de agosto

Por: Redação | Foto: Rodrigo Nunes/Ministério da Saúde
A partir de agosto, quem depende do SUS poderá ser atendido em clínicas e hospitais particulares — sem pagar nada. Isso graças ao programa Agora Tem Especialistas, lançado pelo governo federal para reduzir as filas de atendimento especializado na rede pública. A ideia é simples: transformar dívidas bilionárias dos planos de saúde com o SUS, cerca de R$ 750 milhões, em consultas, exames e cirurgias para a população.
As operadoras interessadas devem se cadastrar voluntariamente na plataforma InvestSUS. Após uma análise da capacidade técnica e da regularidade fiscal, os serviços serão direcionados conforme a demanda de estados e municípios.
As especialidades prioritárias são ginecologia, cardiologia, oncologia, ortopedia, otorrinolaringologia e oftalmologia — áreas em que a espera por atendimento costuma ser longa. Para garantir eficiência, as operadoras só serão pagas após concluir um pacote completo de atendimento, chamado de Oferta de Cuidado Integrado (OCI), que inclui consulta, exames e eventuais cirurgias, tudo dentro de prazos predefinidos.
Na prática, o programa promete reduzir drasticamente o tempo de espera por atendimento especializado. Em vez de aguardar meses na fila do SUS, os pacientes serão encaminhados para unidades privadas conveniadas, com agendamento facilitado e comunicação direta, inclusive por WhatsApp. Tudo sem custo para o cidadão. Segundo o Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS), 370 mil óbitos anuais no Brasil estão relacionados a doenças não transmissíveis com diagnóstico tardio.
Além de beneficiar os pacientes, o programa também oferece vantagens às operadoras, como a regularização fiscal, a redução de processos judiciais e o melhor aproveitamento da estrutura hospitalar já existente. Para participar, cada operadora deverá oferecer no mínimo 100 mil atendimentos por mês — ou 50 mil, no caso de empresas de menor porte.
A prestação dos serviços será monitorada por estados, municípios e pelo Ministério da Saúde, que também definirá os critérios de prioridade. Cada atendimento gerará um certificado chamado COR (Certificado de Obrigação de Ressarcimento), que será usado para abater a dívida da operadora junto ao SUS.
Segundo o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, essa é a primeira vez que o SUS implementa um mecanismo que transforma diretamente dívidas em ações concretas de atendimento. “Estamos transformando dívida em dignidade, com mais exames, cirurgias e consultas para quem mais precisa”, afirmou.