SUS começa a oferecer teste mais moderno para detectar câncer do colo do útero

Por: Redação | Foto: João Risi/MS
O Sistema Único de Saúde (SUS) iniciou nesta semana a implantação de um novo teste para detectar o câncer do colo do útero. A tecnologia, desenvolvida no Brasil, identifica o DNA do vírus HPV — principal causador da doença — e será oferecida gratuitamente em unidades públicas de saúde. A novidade marca uma mudança importante na forma como o rastreamento é feito, com mais precisão e menos necessidade de exames repetidos.
O novo teste, chamado DNA-HPV, será implementado de forma gradual em 12 estados, começando por um município em cada um deles. O público-alvo são pessoas com sistema reprodutivo feminino, entre 25 e 64 anos, incluindo mulheres cis, homens trans e pessoas não binárias.
Diferente do tradicional exame Papanicolau, que detecta alterações nas células do colo do útero, o teste de DNA-HPV identifica a presença do vírus antes mesmo do surgimento de lesões. Isso permite um diagnóstico mais precoce e aumenta as chances de cura. Além disso, quando o resultado é negativo, o intervalo entre os exames pode ser ampliado para cinco anos — enquanto o Papanicolau precisa ser repetido a cada três.
Outra vantagem é que o novo teste evita coletas desnecessárias. Se o resultado for inconclusivo, a mesma amostra pode ser usada para exames complementares, acelerando o encaminhamento para tratamento. O Papanicolau continuará sendo usado apenas para confirmar os casos em que o DNA-HPV der positivo.
A coleta será feita nas Unidades Básicas de Saúde, durante consultas ginecológicas. As equipes de saúde vão identificar quem está na faixa etária indicada e ainda não fez o exame ou está com ele atrasado. Em alguns casos, será possível fazer a autocoleta em casa, com orientação de profissionais, especialmente para pessoas em situação de vulnerabilidade ou que têm dificuldade de acesso aos serviços de saúde.
Segundo o Ministério da Saúde, a estrutura usada durante a pandemia para testes de biologia molecular será reaproveitada para acelerar os diagnósticos. Com isso, o tempo de espera pelo resultado pode cair de 25 para apenas cinco dias. O governo também vai oferecer treinamento para profissionais, kits de coleta e suporte técnico para os estados e municípios.
A iniciativa faz parte do programa “Agora Tem Especialistas”, que busca melhorar o acesso a exames e tratamentos especializados no SUS. A expectativa é que o Brasil consiga implementar essa tecnologia em tempo recorde, superando países como Reino Unido e Espanha, que levaram até três anos para fazer a mesma mudança.
Segundo o Ministério da Saúde, o exame será oferecido inicialmente em um município de cada estado participante, incluindo São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Ceará, Pará, Rondônia, Goiás, Paraná, Rio Grande do Sul e o Distrito Federal. A expectativa é que, até o fim de 2026, o teste esteja disponível em todo o país, beneficiando cerca de 7 milhões de mulheres por ano.