SUS inicia substituição do Papanicolau por exame mais preciso para rastreamento do câncer de colo do útero

Por: Redação | Foto: Launi Godoy/Arquivo Pessoal
O Sistema Único de Saúde (SUS) começou a substituir gradualmente o exame de Papanicolau pelo teste molecular de DNA-HPV, considerado mais eficaz na detecção precoce do vírus causador do câncer de colo do útero. A mudança segue recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e visa melhorar a precisão dos diagnósticos e ampliar o intervalo entre exames.
A implementação segue as novas diretrizes do Instituto Nacional do Câncer (Inca) e já foi aprovada pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) e pela Comissão de Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas. O processo aguarda apenas a avaliação final da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Ministério da Saúde para ser plenamente incorporado à rede pública.
O novo exame será introduzido de forma gradual e dependerá da estrutura de cada município. Entre as principais mudanças está a ampliação do intervalo entre exames. Mulheres sem diagnóstico de HPV poderão realizar a triagem a cada cinco anos, em vez de três. O exame será oferecido para para o público-alvo de 25 a 49 anos, desde que não haja sintomas ou suspeita de infecção.
O teste molecular de DNA-HPV detecta diretamente a presença do vírus, permitindo identificar subtipos de alto risco. Caso o resultado seja negativo, a paciente poderá repetir o exame apenas após cinco anos, em vez de três. Se forem detectados subtipos oncogênicos, como HPV 16 e 18, que apresentam maior risco de progressão para lesões cancerígenas, a mulher será encaminhada imediatamente para colposcopia e, se necessário, para tratamento especializado.
Outra inovação da nova estratégia é a inclusão da autocoleta do material, que permitirá que mulheres em áreas remotas ou com resistência ao exame tradicional realizem a coleta em casa, ampliando o acesso ao diagnóstico. O SUS também adotará um sistema de rastreamento ativo, identificando e convocando pacientes na faixa etária recomendada para realizar o teste e traz diretrizes específicas para o atendimento de pessoas transgênero, não binárias e intersexuais, garantindo equidade no atendimento e maior adesão ao programa.
O HPV está associado a 99% dos casos de câncer de colo do útero, uma doença que registra cerca de 17 mil novos diagnósticos por ano no Brasil, sendo o terceiro tipo mais incidente entre as mulheres brasileiras. Especialistas acreditam que, com ampla cobertura vacinal e rastreamento organizado, o país pode erradicar a doença em cerca de 20 anos.
Na Região Norte, o câncer de colo do útero ocupa a primeira posição entre os óbitos por câncer em mulheres, correspondendo a 15,4% das mortes causadas por neoplasias femininas, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA).
Para a prevenção, o SUS oferece a vacina contra HPV em dose única para meninas e meninos de 9 a 14 anos. Pessoas imunocomprometidas, como indivíduos que vivem com HIV, transplantados e pacientes oncológicos, recebem um esquema vacinal de três doses. O imunizante também é fornecido a vítimas de abuso sexual, usuários de profilaxia pré-exposição (PrEP) de HIV e pessoas diagnosticadas com papilomatose respiratória recorrente (PRR), garantindo proteção para grupos mais vulneráveis.