Caso Romano dos Anjos: Policiais presos afirmam que estão em depressão e pedem ajuda da OAB/RR
Familiares de dois dos quatro oficiais da Polícia Militar de Roraima presos por participação no sequestro e tortura do jornalista Romano dos Anjos procuraram a Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Roraima (OAB/RR), para reclamar de várias situações que estariam ocorrendo no Comando-Geral da PM, onde eles estão custodiados. Os demais PMs estão no Comando de Policiamento da Capital (CPC).
Major Vilson Araújo, tenente-coronel Paulo César Gomes e os coronéis Moisés Granjeiro e Natanael Felipe denunciaram diversas questões ao presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB/RR, Hélio Abozaglo, que esteve no local juntamente com o advogado Ângelo Gomes. A visita foi feita no dia 16 de março desse ano.
De acordo com o relatório feito pela OAB/RR e enviado à juíza da Vara de Execução Penal, Joana Sarmento, os presos reclamaram da demora da Justiça, além de alegar que as denúncias são equivocadas. Os policiais ainda se queixaram do pouco tempo dado para as visitas e para os atendimentos dos advogados. Outra reclamação foi o fato de eles estarem usando o fardamento padrão do sistema prisional. Todos afirmam que com isso eles estariam sendo desmoralizados perante a tropa que frequenta o Comando.
Outra questão evidenciada no relatório final dos advogados é a alimentação. Segundo os presos as refeições não são suficientes, não têm horário certo para as marmitas serem entregues e às vezes são servidas estragadas. Todos relataram problemas psicológicos e perda de peso na prisão. Um deles disse que perdeu 16 quilos. Dois estariam pré-diabéticos, segundo o documento.
Os quatro PMs disseram ainda que solicitaram audiências com o comandante-geral da PM, coronel Francisco Xavier, mas que o mesmo se negou por várias vezes a se reunir com os presos. O major Vilson ainda relatou que perdeu a promoção a tenente-coronel por estar detido.
O presidente da Comissão de Direitos Humanos afirmou que foi provocado formalmente pelos familiares dos presos e que por isso foi ao comando-geral. Segundo ele, a OAB precisa ser chamada para que faz diligências como essa. Nesta segunda-feira, 9, após divulgação da reportagem na mídia, a imprensa cobrou da OAB o porquê ela não ouviu as vítimas, Romano dos Anjos e a esposa Nattacha Vasconcelos que estão sendo acompanhados por psicólogos até hoje.
Dos 11 presos no Caso Romano dos Anjos, nove estão presos e dois já foram soltos. O mandante do crime, o ex-deputado Jalser Renier, foi colocado em liberdade pelo cargo que exercia, ainda no ano passado, mas até hoje, mesmo cassado, a Justiça ainda não decidiu sobre seu futuro. O outro solto foi o sargento Bruno Inforzato porque a Justiça entendeu que ele apenas descartou um telefone celular na época do crime. Os dois respondem pelos crimes em liberdade até agora.