O presente que ela não merecia
Por: Cris Plácida | Foto: arquivo pessoal
Recentemente, Ana decidiu presentear, sua filha Letícia de 16 anos, com um celular e gostaria que ela pudesse escolher dentro de suas condições é claro, foi então que se surpreendeu ao chegar na loja e ver sua filha insegura para realizar a compra. A menina se fechou, estava tremula e repetia inúmeras vezes: estou nervosa, estou tremendo, não consigo respirar direito. Ana sabia o que estava acontecendo, conhecia bem aquele sentimento, e decidiu explorar aquela situação. O período da pandemia havia feito muito mal a Letícia, era preciso ajudá-la a recuperar sua confiança.
Então Ana pediu um pouco de paciência ao vendedor e convidou sua filha para darem uma volta, foi então que ouviu: mãe eu sinto como se não merecesse o celular, tudo para mim é muito caro. Eu gosto de presentear minhas amigas, mas quando preciso comprar algo para mim é sempre isso, sinto que não mereço. É isso mesmo que você está pensando, a danada da impostora, foi então que Ana se deu conta de que poderia ser sua responsabilidade e se perguntou que tipo de mensagem estava repassando para sua filha, afinal ela era muito jovem para está com aquele sentimento.
Como é grande a responsabilidade de uma mãe, nossos sentimentos e percepção de mundo são compartilhados com nossos filhos e filhas e por vezes ajudamos a construir uma pessoa frágil, insegura e dependente. Eu e você, com mais de quarenta anos, sabemos que eles irão se frustrar, serem decepcionados, cometer inúmeros erros, sofrerem por amor, mas será que devemos dividir com eles as nossas frustações, de forma que comprem nossas experiências como a única verdade?
Educar homens e mulheres livres, passa pela capacidade de pais e mães permitirem que seus filhos vivam suas próprias experiências e caso sintam dores, tudo bem, teremos condições de acolhê-los e encorajá-los a seguir em frente. A Vida pode ser experimentada de diferentes ângulos e cada um tem o seu valor e a sua importância, as “velhas máximas” como: homem não presta; mulher não é confiável; isso é coisa de homem ou isso é coisa de mulherzinha, já caíram por terra.
Diariamente somos surpreendidas com histórias comoventes e extraordinárias que nos mostram que viver é maior que nossos velhos pré-conceitos. Partindo desse ponto de vista te convido a pensar sobre a forma que estamos preparando nossos filhos e filhas para o mundo. Será que nossas dores e frustrações estão sendo compartilhadas como um tipo de experiencia ou estamos afirmando que aconteceu conosco se repetirá com eles?
É processo natural os pais transmitirem aos filhos suas inseguranças, seus anseios e até frustrações.
Porém, mudar tal círculo vicioso é a grande questão.
O rompimento desse circulo move o progresso individual.
Verdade, Célio.
Minha intenção foi levantar a discussão e assim podermos evoluir e permitir que nossos filhos amadureçam e construam suas verdades.
Obrigada pela contribuição.
Algumas vezes mesmo sem querer transmitimos nossas formas de perceber aos filhos, então vale muito realizarmos um direcionamento apresentando mas de uma forma de percepção e de ação.
E as dores?
Elas são necessárias pois trazem uma infinidade de aprendizagens.