Avalanche
Por: Luana Pereira
Se tem uma coisa na vida que sempre tive certeza foi a maternidade. Sempre idealizei, na verdade romantizei. Na época lembro que assistir muito ao YouTube e parecia ser tudo tão simples.
A verdade que existia uma preocupação somente com os bens materiais: carrinhos, kits de mamadeiras importados e enxoval. Tudo se resumia a isso.
Passado um tempo engravidamos. Fiquei tão feliz, ao mesmo tempo preocupada, assustada. Uma mistura de sentimentos e sensações a parir daquele “positivo”. Mas não havia mais o que fazer a não ser viver o sonho idealizado na minha cabeça.
Os meses foram se passando. Não me preocupei ou me informei com o que realmente era necessário. Lembrei de ter lido algumas coisas e até sobre o tal puerpério, mas não sei a devida importância.
Enfim meu sonho idealizado nasceu. O parto foi tranquilo.
Já no Hospital comecei a sentir o que era a maternidade real e era bem diferente do que eu imaginava.
A amamentação não foi intuitiva, ela não é assim e precisamos ajustar algumas coisas.
Fomos pra casa e lá a avalanche veio. Foi me envolvendo e quando percebi estava mergulhada numa confusão de sentimentos.
Nós primeiros 15 dias de vida do meu primogênito eu só chorava. Me sentia impotente, angustiada e achava que não amava ele . Também não senti aquele amor arrebatador de que tanto falam.
A amamentação foi um desastre, isso contribuiu muito pra todo o caos.
Não existe nada mais divisor de águas na maternidade do que o puerpério. A mãe se perde em meio a tanta preocupação, cuidados com o bebê. Se perde de quem você era, se perde na sua identidade, não se conhece mais. Tem apenas um único foco. Junto com a exaustão tremenda.
Posso dizer que as coisas melhoraram de fato por volta de 2 meses. Comecei a me sentir melhor, começou haver uma rotina.
Mas demorou uns anos pra eu me reencontrar de novo. Mas e o pai… Fica pra um próximo texto. Mas se existir uma próxima vida, nela com certeza quero vir como pai.
Por Luana Pereira, mãe de 3. Vivendo a maternidade atípica e típica.
Aquela romantização sendo desconstruída pela realidade…