Este é o terceiro ano seguido que o fenômeno climático persiste sendo um fato inédito neste século

Por: Isaque Santiago | Foto: Bruna Cássia

Há três anos o roraimense – que já estava habituado com um “verão” seco, sem chuvas e com praias surgindo nos rios e igarapés no mês de outubro – viu as coisas mudarem. Desde 2020, o período seco, que vai de outubro a março, tem sido chuvoso e o nível do Rio Branco, principal da região, tem permanecido alto em épocas do ano que antes era possível se refrescar à beira da água.

Esse fenômeno tem uma explicação e é chamado de “La Niña”, acontecimento natural que consiste no resfriamento anômalo das águas do Pacífico. Ele é responsável por chuvas fortes não somente em Roraima, mas também em outras partes da região Norte e Nordeste do Brasil e áreas secas no Sul.

O meteorologista da Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Femarh), Ramon Alves, adiantou que o La Niña continuará interferindo no regime de chuvas em Roraima pelo menos até meados de fevereiro.

“É um fato inédito neste século o La Niña persistir por três anos em sequência. Até então, Roraima havia enfrentado o fenômeno climático apenas duas vezes seguidas, em 2010 e 2011, que foi um ano de cheia histórica do Rio Branco, chegando a 10.28 metros”, detalhou.

Em relação às causas do La Niña, o meteorologista explicou que não existem estudos que comprovem os motivos do surgimento deste fenômeno, bem como o do El Niño, que também provoca alterações significativas na distribuição da temperatura da superfície da água do Oceano Pacífico, com grandes alterações no clima. “Só nos resta monitorar”, pontuou. 

Para este começo de ano, ele destacou que a previsão é de um pouco de chuva no extremo Norte e extremo Sul de Roraima. “Já a previsão sazonal continua sendo acima da normal climatológica para os próximos meses. Lembrando que a normal climatológica mensal dos meses janeiro fevereiro e março é abaixo de 50 mm de chuva”, disse.

Nível do Rio Branco

Hoje, o nível do Rio Branco está em 2,93 metros, o que segundo o monitoramento feito pela Companhia de Águas e Esgotos de Roraima (Caer), é considerado normal e dentro da média para o período.