Empreendedorismo Feminino: Maria Dutra é exemplo de superação e sucesso em RR

Empresária atua no ramo há mais de 30 anos e hoje representa duas lojas de cama, mesa, banho e decoração

Por: Bruna Cássia e Isaque Santiago | Foto: Felipe Medeiros


Empreender foi algo natural na vida da empresária Maria Dutra, representante da Golfran em Boa Vista e proprietária da Casa Valli, uma loja especializada em itens de alto padrão em casa e decoração. Nascida no Maranhão, ela mora em Roraima há mais de 30 anos e para conquistar o que tem hoje, ela percorreu um longo caminho com altos e baixos.

Maria conta que desde muito nova sempre sonhou em ser dona de si, ter o próprio dinheiro e o próprio negócio. Ainda na adolescência, ela deixou a casa dos pais e foi trabalhar em uma casa de família em uma cidade vizinha para que pudesse estudar.

Não demorou muito e ela conseguiu um emprego em uma filial das Lojas Pernambucanas, onde era responsável pelo departamento de lingeries. Porém, logo as coisas mudaram. Em 1987, ela se casou e se mudou para Roraima para acompanhar o marido, José Elias, que veio tentar a vida na região.

A vida em Roraima

Acostumada a trabalhar desde cedo, Maria logo arrumou uma maneira de fazer dinheiro e começou a empreender. “Assim que chegamos em Boa Vista morávamos em uma casa de madeira no bairro São Francisco que dividimos com um outro casal. Conversando sobre a vida com uma vizinha, ela me mostrou uma oportunidade para começar a empreender”, lembrou a empresária.

Sem saber, essa vizinha foi peça fundamental na jornada de empreendedorismo de Maria. “Ela me falou que tinha uma conhecida em Fortaleza que tinha uma fábrica de lingerie. Ela me ajudou a comprar os primeiros produtos ‘no fiado’ e comecei a vender carregando sacola para cima e para baixo. Logo depois também comecei a vender jeans e conseguia fazer um dinheiro bom”, contou.

Em 1989, nascia Bruno, o filho mais velho de Maria. A maternidade não foi um empecilho e ela continuou vendendo tendo o filho passou como companhia para todos os cantos onde ela ia.

No início da década de 1990, comprou um fusca com o dinheiro que conseguiu guardar. “Depois que compramos esse carro, deixei de carregar sacolas para cima e para baixo”, recordou.

As coisas iam muito bem, tanto que pouco tempo depois Maria e o marido conseguiram comprar um terreno no bairro Calungá para construir a primeira casa própria da família. Porém, logo em seguida, surgiu o primeiro obstáculo no caminho. “Levamos um ‘tombo’ de uma pessoa conhecida e tivemos que nos mudar para Vila Moderna, em São Luiz, no Sul do Estado”, relatou Maria.

Mudança para o interior

Em uma cidade do interior, a primeira oportunidade de emprego que surgiu foi como professora. Como tinha o magistério, ela deu aula em uma escola da região. Passados alguns anos, Maria e a família se mudaram para Rorainópolis. No novo endereço ela começou a trabalhar em um hospital. “Nessa época eu ganhava R$ 360, não esqueço nunca desse valor. Mas ainda precisava de algo para complementar a renda”, revelou.

Foi nesse período que o espírito empreendedor voltou com tudo e Maria começou a vender utensílios para cozinha da Tupperware, indústria especializada em produtos de plástico. “Deu tudo muito certo, tanto que fui destaque nacional de vendas, e por uns seis meses consegui tirar um bom dinheiro, quase um salário fixo”, lembrou orgulhosa a empresária.

A volta para Boa Vista

Com as finanças indo bem, Maria propôs ao marido que a família voltasse para Boa Vista. Nessa época, eles já tinham o segundo filho, Breno. Em Boa Vista, uma amiga que era gerente da Tupperware perguntou se Maria não conhecia alguém que pudesse assumir a representação de uma empresa em Boa Vista. Ela mesma assumiu essa responsabilidade e por muitos anos comandou a empresa.

“Essa loja era a ‘Contém 1g’, que funcionou por um tempo na avenida Jaime Brasil e depois foi para a avenida Sebastião Diniz. Gerenciei a empresa por muitos anos até ela fechar”, disse.

A primeira empresa

Porém o empreendedorismo voltou a falar mais alto e quando, em uma viagem a Manaus, Maria conheceu uma empresa que trabalha com a venda de produtos de cama, mesa, banho e utensílios para o lar por meio de catálogos, a Golfran.

“Meu espírito de empreendedora viu uma oportunidade ali, fiquei apaixonada pelo catálogo e entrei em contato com a empresa. A ‘Contém 1g’ fechou e passei a trabalhar somente com a Golfran e isso já tem mais de 18 anos e hoje sou a representante oficial em Roraima, onde forneço os produtos para as pessoas que vendem por meio dos catálogos”, afirmou.

Casa Valli

Maria Dutra gerencia a Casa Valli em Boa Vista (Foto: Felipe Medeiros)

O dono da franquia Golfran resolveu expandir os negócios e criar uma nova empresa no mesmo segmento, porém voltada para o público da Classe A, com produtos mais refinados no segmento de casa e decoração. 

“Como eles já trabalhavam nesse ramo, após pesquisas de mercado, sentiram a necessidade de um espaço onde as pessoas da classe A e resolveram investir nessa franquia. Eu entrei nessa junto com eles e tudo isso aconteceu durante a pandemia de Covid-19”, contou.

A Casa Valli de Boa Vista é a quarta loja da franquia no Brasil, que atualmente conta com seis unidades espalhadas pelo país. “Estamos bem no início e está dando certo, estamos em uma expectativa muito boa de somar com esse mercado em Boa Vista, um lugar com muita gente de bom gosto. Temos parcerias com vários arquitetos, mais de 20 que já vieram aqui conosco”, frisou a empresária.

Mesmo sem um curso de nível superior ou muitos recursos para começar a empreender, ela nunca se limitou e trabalhou muito para  conquistar tudo o que tem hoje. 

“Para chegar até aqui foi muito esforço e tudo na honestidade. Gosto muito do que faço. As pessoas olham para as nossas conquistas e pensam que tudo veio fácil. Nessa minha trajetória já passei por depressão, durante a pandemia eu quase morri de Covid-19. Conto muito com o apoio dos meus filhos e do meu esposo, eu levo essa vida de empreendedora. Ver a satisfação dos clientes é gratificante e me motiva a continuar”, finalizou.

Para quem empreende ou deseja começar a empreender, independente do ramo, Maria aconselha: “persista”.

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