A pobre menina que sangrava

Por: Cristiani Plácida | Foto: arquivo pessoal

De cada quatro mulheres no Brasil, uma não tem acesso a absorvente ou itens de higiene intima, e essa é apenas a ponta do iceberg. Falar sobre pobreza menstrual vai muito além do acesso a absorventes, é um problema de saúde pública que exige atenção de toda sociedade e não apenas daquelas que menstruam. A ONU tem uma pesquisa completa sobre o assunto apresentada no relatório Pobreza Menstrual no Brasil Desigualdades e Violações de Direitos

Igualdade de gênero, saúde e bem-estar, educação de qualidade são algumas das questões que podemos citar com relação ao tema. Os dados estatísticos são importantes e impactantes, mas te convido a um olhar amoroso sobre a situação. Imagine você com 13 anos, morando em uma comunidade carente, sem água potável, sem saneamento básico, com renda familiar inferior a um salário-mínimo e pela primeira vez você “sangra”, como não teve acesso as informações sobre o funcionamento do seu corpo, não sabe o que fazer.

Você se esconde e clama por ajuda, sua tia percebe sua diferença e pergunta o que houve. Envergonhada, sentindo-se suja e estranha desabafa. A tia, mesmo constrangida, explica o que está acontecendo e te ensina a usar uns paninhos. A família não tem condições de comprar absorvente e assim não consegue ir à escola e tão pouco interagir com amigas e vizinhas, passa cinco dias escondida como se estivesse com uma doença contagiosa.

Nossa Cris, você exagerou! Acredite, não é exagero, existem milhares de meninas e mulheres em situação ainda pior, elas chegam a usar papel, papelão e até miolo de pão como forma de manter a higiene no período menstrual.

A primeira vez que ouvi sobre isso foi intrigante, ao buscar mais informações fiquei chocada, é a única palavra que consegue descrever meu sentimento naquele momento, mas também encontrei várias pessoas e movimentos buscando maneiras de amenizar esse sofrimento. Recentemente foi aprovada a Lei 2.169/21 no Município de Boa Vista que trata sobre a dignidade menstrual de autoria da vereadora Aline Rezende, projetos similares tramitam no congresso nacional.

A sociedade civil também pode ajudar, através de ações como o PROJETO MULHERES VIVÁ, que distribui kits de higiene para mulheres em situação de vulnerabilidade, sua contribuição irá fortalecer esse lindo trabalho, ampliar a rede de apoio e solidariedade. Dessa forma, nós mulheres podemos transformar vidas, levando dignidade a outras mulheres que não possuem a mesma “sorte” que eu e você. E então vamos ajudar?

8 thoughts on “A pobre menina que sangrava

  1. Muito triste mais é nossa realidade. Q façamos o nosso mínimo… pois será o muito pra inúmeras mulheres. Tema mega importante. Espero q muitas pessoas leiam esse texto q encontrem uma forma de ajudar!

  2. Muitas vezes falta apenas observarmos e perceber que o outro não tem as mesmas condições. E tentar fazer algo para contribuir com as melhorias do nosso próximo. Parabéns Cris Plácida

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