Por: Cristiani Plácida

Sou uma romântica e sonhadora criativa. Desde criança acreditava em fazer parte da construção de um mundo melhor. Sonhei em ser: madre, artista, empresária, política, psicóloga e, para todas as profissões que desejei, existia a visualização de ações promotoras de transformação e felicidade. De todos os sonhos sonhados, poucos foram realizados, muitos deixados no caminho, alguns engavetados e outros tantos ressignificados. Mas por que a Cris está falando sobre isso?

Porque foi com a maturidade que descobri a importância no sonho na construção de uma vida mais justa, mesmo vivendo em um mundo de infindáveis injustiças. Sonhar nos faz seguir em frente, mesmo que a linha de chegada não seja assim tão digna e confortável como imaginávamos. Os sonhos construíram e destruíram grandes civilizações, mas sobretudo nos trouxe até aqui e eu acredito que está nas mãos dos sonhadores corajosos as chaves da realização ou sucesso e do mundo melhor.

Voltando a minha história, quero explicar que meu sonho de ser madre foi construído na imagem criada em minha romântica e doce imaginação de que elas, as madres, eram a personificação da bondade humana e protetoras das crianças desamparadas. Afinal, sempre que as encontrava, magicamente, tiravam dos bolsos balinhas, bombons, lápis de cor e papel com desenhos, e estavam sempre calmas, com exceção das poucas duronas que colocavam os mais sapecas no “cantinho do pensamento”. Os anos se passaram, chegou à adolescência, e com isso os questionamentos e as descobertas sobre a solidão que envolvia a vida do celibato e tudo mudou.

As muitas outras experiências que vivi foram as responsáveis pelos demais delírios de ter uma profissão que mudasse o mundo para melhor. E cá estou eu, escrevendo, talvez, para poucas pessoas ou poucos sonhadores. O curioso é que sou feliz, mesmo não tendo conseguido ser “grande” como um dia vislumbrei. Sigo acreditando que o mundo pode ser mais justo e melhor, contudo, os meios para isso diferem do que acreditava antes.

Acredito que educar amorosamente uma família, compartilhar conhecimentos, acolher quem precisa, encorajar o amedrontado, participar de movimentos sociais, rezar, ser uma boa ouvinte, respeitar-se, cuidar de sua própria saúde física, emocional e espiritual, também são formas de melhorar o mundo. Acredito nisso, por entender que eu sou o mundo e se o mundo que sou é bom, a semente já foi plantada.

Quando cuidamos de nós mesmos e daqueles que amamos manifestamos nosso mais profundo respeito pela humanidade, afinal, nosso primeiro lar é o corpo que habitamos e o segundo são as relações construídas ao longo dos anos de nossa existência. O grande ensinamento diz que devemos amar ao próximo como a nós mesmos, juntando a isso o jargão popular que diz: quem ama cuida, entende-se que o cuidado que tenho comigo reflete no mundo ao meu redor. Dedicar um tempo a si mesma, respeitar seus limites e agir com gentileza conosco é, sobretudo, um exercício de amor e o amor pode transformar tudo em um lugar melhor.

Você cuida bem do seu mundo?