IPCA registra deflação de 0,73%, mas preço dos alimentos continua em alta
A deflação foi puxada pela queda no preço dos combustíveis, porém setor de alimento registrou inflação de 1,12%
Por Isaque Santiago | Foto: divulgação
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta quarta-feira, dia 24, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) do mês de agosto. No período, houve uma deflação de 0,73%, a menor taxa da série histórica, iniciada em novembro de 1991.
A queda foi puxada pelo setor de transportes, que registrou uma deflação de 5,24%, influenciado pelo recuo de 15,33% no preço dos combustíveis. Entre os combustíveis, foram observadas quedas de 16,80% na gasolina, de 10,78% no etanol, de 5,40% no gás veicular e de 0,56% no óleo diesel. Também houve deflação no setor de habitação (-0,37%), com redução nos preços da energia elétrica residencial (-3,29%) e comunicação (-0,30%).
Comida mais cara
Apesar da deflação, o consumidor ainda se depara com a inflação na hora de comprar comida. Segundo o IPCA-15, o setor dos alimentos registrou a maior alta de preços do período, com 1,12% de aumento. No mês anterior a inflação havia sido de 1,16%, puxada por aumento no preço de produtos como o leite longa vida (14,21%), frutas (2,99%), queijo (4,18%) e frango em pedaços (3,08%).
Em entrevista ao Conexão Boa Vista, o economista Fábio Martinez, explicou que não há previsão para queda no preço dos alimentos nos próximos dias. A queda no preço dos combustíveis não deve influenciar no frete, que poderia colaborar para uma redução no preço dos alimentos.
“A maior queda foi no preço da gasolina, e os caminhões que fazem os fretes são movidos a diesel, que teve uma redução de apenas 0,56%. Essa queda não reflete na prateleira dos supermercados porque os caminhoneiros acabam usando essa redução para recompor um pouco da margem de lucro que tinham antes. Neste ano, até agora, houve um aumento de mais de 50% no preço do diesel”, explicou o economista.
Martinez acredita que pode haver uma queda no preço dos alimentos mais para frente com o aumento das safras. “Temos uma perspectiva de aumento de safra que pode contribuir pra isso, mas ainda assim, os alimentos continuam sendo o principal vilão da inflação”, pontuou.
IPCA
No ano, o IPCA-15 acumula alta de 5,02% e, em 12 meses, de 9,60%, abaixo dos 11,39% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em agosto de 2021, a taxa foi de 0,89%.
Período | Taxa |
Agosto de 2022 | -0,73% |
Julho de 2022 | 0,13% |
Agosto de 2021 | 0,89% |
Acumulado no ano | 5,02% |
Acumulado nos últimos 12 meses | 9,60% |