Protocolo da Vitamina D pode auxiliar no tratamento de crianças autistas
Médico que atua em Roraima explica o que é este procedimento e quais os benefícios dele para vários tipos de situações de saúde
Por: Bruna Cássia | Foto: arquivo pessoal
Entre os inúmeros métodos que existem para auxiliar no tratamento de crianças autistas, há um que tem ganhado destaque: o Protocolo da Vitamina D. Em Roraima, o médico especialista no assunto Fabiano Guimarães explica no que consiste este método e quais os principais benefícios dele.
Segundo ele, o protocolo consiste na suplementação diária de doses hiperfisiológicas de vitamina D com a intenção de “quebrar” uma resistência biológica, que é comum nos portadores de doenças autoimunes, e regular adequadamente o sistema imunológico.
“A referida resistência ao hormônio D pode ocorrer através de 3 tipos de polimorfismos genéticos: no gene da enzima ativadora da vitamina D (1-alfa-hidroxilase), no gene dos receptores da vitamina D e no gene da globulina transportadora da vitamina D”, exemplifica.
Em relação ao tratamento para crianças autistas, Fabiano detalha que um estudo revelou a relação entre baixos níveis de vitamina D com o autismo.
“Entendo que o autismo não é um transtorno comportamental puro; ao contrário, é um distúrbio gastrointestinal-alérgico-imunológico-tóxico-nutricional-ambiental. Todos esses fronts devem ser foco de atenção do profissional que cuida de autistas, mas em especial o componente autoimune”, inicia.
Em 2012, pela primeira vez, foi publicado um estudo que correlacionava os níveis de interleucina 17 (IL-17A) em relação à gravidade do autismo e a conclusão foi que pacientes com autismo grave tinham níveis sanguíneos de IL-17A significativamente mais elevados.
“A IL-17A é uma citocina inflamatória que exerce um papel patológico em diversas doenças autoimunes. E por este motivo alguns autores consideram o autismo como um tipo de distúrbio puramente autoimune neuroinflamatório e uma vez que a vitamina D regula o sistema imunológico, quanto mais cedo a deficiência da vitamina D for tratada, maior a probabilidade da criança ter uma vida mais normal”, acrescenta.
Recentes estudos já relacionaram baixos níveis de vitamina D com a severidade do autismo, e ainda, uma gestante com baixos níveis de desse hormônio também apresenta um aumento de risco de autismo para a criança. Uma metanálise publicada em abril deste ano evidenciou que alguns polimorfismos em VDR (Vitamina D Receptor) aumentam o risco de autismo.
Para esse público, são inúmeros os benefícios do Protocolo da Vitamina D como egulação da imunidade, melhora da microbiota e permeabilidade intestinal, ação anti-inflamatória, melhora da concentração, linguagem e atenção.
Não é um método novo
O médico Fabiano revela que existem relatos de casos de pacientes com Lúpus Eritematoso Sistêmico, nos Anais da Royal Society of Medicine, da Década de 40, tratados com altas doses de Vitamina D com grande sucesso. Ou seja, apesar de estar em maior evidência na atualidade, o método não é novo.
“No início do século 21, Dr. Cícero Galli Coimbra idealizou um protocolo e tornou esse tratamento seguro, o expandindo para uso em todas doenças autoimunes. Médicos de diversos estados do Brasil e de alguns países já foram treinados para aplicar o protocolo, mas infelizmente, esse número ainda é bastante reduzido considerando a quantidade de pessoas portadoras de doenças autoimunes”, pontua.
Em Roraima o médico Fabiano Guimarães é o único especialista, treinado por Dr. Wanderley Ribeiro Pires, que aplica o protocolo associado a uma dieta anti-inflamatória.
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