Relatório expõe realidade e escalada de violência contra jornalistas na Amazônia

Desde 2014, entre os 230 registros de ataques à imprensa nos nove estados da Amazônia Legal, 89 destes ocorreram no Pará, considerado o território mais hostil para repórteres.

Por: Redação | Foto: Guilherme Mazui/g1 DF


Lançado nesta terça-feira (23), em Belém, o documento “Fronteiras da Informação – Relatório sobre jornalistas na Amazônia”, do Instituto Vladimir Herzog (IVH), traz um panorama da violência contra profissionais da imprensa na região amazônica.

Em seu prefácio, assinado pela jornalista Sônia Bridi, o material expõe a realidade e escalada de agressões contra comunicadores que denunciam ameaças e investigam crimes ambientais na Amazônia, considerado um dos biomas mais importantes do mundo.

“A vida de jornalista é arriscada na Amazônia porque a vida dos amazônidas têm valido pouco”, escreve a repórter Sônia Bridi, que, após 40 anos de profissão, sofreu ameaças de morte durante uma reportagem na região, em 2022, precisando ser escoltada por seguranças armados.

Conforme Giuliano Galli, coordenador de Jornalismo e Liberdade de Expressão do Instituto Vladimir Herzog, após o assassinato do jornalista inglês Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira, em 2022, trouxe um alerta ainda maior sobre a insegurança da atividade na Amazônia e consequente aumento do número de denúncias por parte desses profissionais.

Desde 2014, entre os 230 registros de ataques à imprensa nos nove estados da Amazônia Legal, 89 destes ocorreram no Pará, considerado o território mais hostil para repórteres. Em seguida, aparece o Amazonas com 38, Mato Grosso com 31 e Rondônia com 20 ocorrências, conforme dados da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj). Em Roraima, foram 8 episódios.

As incidências estão relacionadas, em sua maioria, com questões socioambientais como o garimpo ilegal, mineração, ocupação de territórios indígenas, além da falta de políticas públicas de valorização e proteção do atividade jornalística.

Entre os diversos casos citados, em Roraima, os jornalistas Romano dos Anjos, Emily Costa e Felipe Medeiros foram vítimas de ameaças e violência.

Romano dos Anjos foi sequestrado, agredido e abandonado com membros quebrados numa mata em Boa Vista, no ano de 2020, por um grupo de sequestradores investigado por fornecer armas ao garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami.

Já Emily Costa decidiu deixar a Amazônia por conta de ameaças após denunciar o garimpo ilegal e o narcotráfico em Roraima e no Pará em coberturas para veículos nacionais e internacionais.

Felipe Medeiros precisou adotar medidas de segurança após as coberturas como freelancer sobre a tragédia nas comunidades Yanomami.

O evento de lançamento será às 14h, horário de Brasília, e pode ser acompanhado por transmissão online no link: https://vladimirherzog.org/fronteirasdainformacao/.

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